CONSTRUIR


…a sua presença a sua identidade.

Não se trata aqui do sentido primeiro atribuído à fotografia, quando surge no início do séc. XIX, com o fim de reproduzir objectivamente a imagem real, mas podemos entender sob a perspectiva de Pierre Francastel acerca das interpretações da imagem, apresentadas nos textos em “ Imagem, Visão e Imaginação”. Na introdução, redigida por Galienne Francastel, é possível lermos “Não parece, contudo, haver dúvidas de que já estamos numa era de mutação da técnica e de que, além disso, a manipulação da imagem, ou o que já se chama vulgarmente a imagem da imagem e a imagem na imagem, seja uma das variantes na tendência geral para a desorientação dos espíritos, pelo desvio ou abandono dos critérios “racionais “ tradicionais.” (Francastel, Pierre, 1986 “Imagem, Visão e Imaginação”. Edições 70, p.9).
É sob esta perspectiva que a recolha fotográfica ganhou contornos, permitindo que o espectador percepcione a imagem, segundo três níveis: o da realidade sensível, o da percepção e o do imaginário.
Este trabalho, para além de ser uma recolha fotográfica, propõe-se a um exercício com a própria imagem, isto é, a fotografia multiplica-se, recorre às novas tecnologias e assume aqui um papel actual no que se possa entender sobre a obra de arte. A exploração técnica a partir do registo ganhou imponência, estabelecendo um paralelismo com a própria fábrica.